terça-feira, 19 de novembro de 2013

Iraci

Olho pra trás e vejo o quanto tudo mudou
hoje escasso em paciência e abundante em rugas
revelo na rispidez das respostas meus desamores
com um olhar cansado, com mãos sofridas
deixo todos saberem que vivi demais.

Há 30 anos a água ferve no mesmo bule
não sou de me desapegar
ainda me lembro do outono de 83
da novidade de meus cabelos brancos
quando ainda não me diziam que vivi demais.

Ah Iraci, é amargo admitir
que se cheguei até aqui
foi porque você fugiu de mim

Meu sorriso amarelo imita o retrato na parede
tirado nos dias em que ainda éramos um
você ao pé do ouvido dizendo os males que o álcool traz
eu te calando aos beijos
sem saber que viveria demais.

Me irrito ao lembrar de seu atrevimento
ir embora daquele jeito me fez muito mal
sei bem que a vida é dura e que as vezes parece que não dá mais
você escolheu o fim
e me deixou viver demais.

Ah Iraci, é amargo admitir
que se cheguei até aqui
foi porque você fugiu de mim

Nenhum comentário:

Postar um comentário