terça-feira, 15 de setembro de 2015

Fio de Barba Branca


Temos tempo?
Tudo é tão sério.
Tudo é tão selvagem.
Os jovens segundos seguem enfileirados.
Infinitos.
Precisos.
Preciso de uma manha cinza
e uma noite quente.
Me abraça e diz qualquer coisa.
Apaga a luz...
... já é hora.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Normal ou Socialmente Ajustado

Normal ou socialmente ajustado
medo de não poder pagar o aluguel
medo de não poder pagar a luz
o carro novo e o celular
medo de não ter dinheiro
medo de não saber como ganhar mais
medo do vizinho
da policia e do bandido
pilula pra dormir
pra emagrecer
pra acordar
medo do câncer
da Aids
do ebola
pilula pra ficar calmo
pra ficar quieto
pra criança ficar quieta
hiperativo
hiper mercado
hipertenso

Normal ou socialmente ajustado
bandido rico no poder
bandido pobre na cadeia
e você no fogo cruzado
cerveja pra esquecer
cervejada
auto ajuda
não leve os problemas para cama
- eu não levo, eles me seguem.
travesseiro da NASA
caneta da NASA
armas de destruição em massa
vende
tiroteio com a policia
vende
poluição
não vende
psicólogo
psicotrópico
psicótico

Normal ou socialmente ajustado
carro mata
cigarro mata
colesterol alto
manteiga
cerveja com café
filtro 15, 30 e 100
camadas de pele
da cebola
de ozônio
de maldade
marcada na pele
por cor e pelo
pelo preconceito
pelo medo de ser só mais um

sábado, 9 de maio de 2015

Não Esqueça

A cor dos seus olhos
E o jeito que me olhavam
Um castanho triste
Num dia cinza triste
Eu quero ficar
Eu quero me lembrar
Eu quero que se lembre
Ou simplesmente
Não me esqueça
Apertado e sufocado
Como sempre
As pessoas ao redor
Não entendem nada
Não me esqueça
Eu gritava de dentro da minha mente
Você chorava sem me ouvir
Como sempre
Minhas mãos estavam juntas
Segurando uma a outra
Consolando a si mesmas
Dizendo que tudo ficaria bem
Não me esqueça
Eu tentava gesticular
Mas meus músculos eram feitos de pedras
Como sempre
Eu não podia ir aonde queria
Dizer o que queria
Sorrir se tivesse vontade
Você me olhava
Me beijou
E ajeitou meu cabelo
Não me esqueça
Eu apodrecia
Durante os segundos seguidos
Aos poucos
Eu não importava
Não existia
Como sempre
Eu não fiz nada
Enquanto todos faziam
Eu ficava parado
Torcendo pra que não falassem comigo
Não me esqueça
Eu pedia com os olhos fechados
Como sempre
Ninguém soube ler meus sinais
A caixa era quente
As pessoas eram quentes
O café
As cortinas
O bafo
Como sempre
Eu estava frio
Não me esqueça
Tocava a musica dentro de meu crânio
Eu era a mancha de sangue
Eu era a vergonha em seus lábios
Eu era a lagrima nos seus olhos
Eu era a perda de tempo
Eu era a vontade de ir
Eu era o tapa nas costas
Eu era o afago
Eu era o desconcerto
Eu era o monstro no canto da sala
Eu era o chão
Eu era o barulho que faltava

Eu era o cara no caixão.