quarta-feira, 7 de maio de 2014

Para Sempre

Eu estava triste
e achei que não dava mais
esperava que alguém me visse
ou que pelo menos me deixassem em paz
eu olhei pros lados, acanhado
chutei o vento ao acaso
acertei um gato
no peito
que desrespeito
com o bico da butina
injusticei o pobre coitado
agora triste e culpado
gritei aos céus
até quando?
por quanto tempo mais?

PARA SEMPRE - caiu a chuva
PARA SEMPRE - miou o gato
PARA SEMPRE - tocou a buzina
PARA SEMPRE - fadado a sempre ser assim

Eu tentei e como tentei entender
os segredos da vida, os mistérios da morte
mas eu sem sorte parecia jogar
apenas pra perder
me lembro bem, foi bem no meio do mês
quando recebi o vale, um vale de vai
e não pense em voltar atrás
sozinho
gritei aos céus
até quando?
por quanto tempo mais?

PARA SEMPRE - soou o trovão
PARA SEMPRE - assobiou o vento
PARA SEMPRE - caiu a folha da arvore
PARA SEMPRE - com silencio respondeu minha solidão

Então sentado sozinho
num bar chamado duas camas
ou será três quartos
sei que o gim era barato
mas não sei se o que me serviam era gim
ratos, baratas e ratos
velhos companheiros
traiçoeiros
atravessaram o salão do bar
ao me ver chegar
agora me olham de longe
e cochicham
os rabos, eles espicham
como no ditado e só não sorri de ruim
minha personalidade e o gim
estranho no meu jeito mais estranho
paguei a conta, saltei do banco
olhei de canto
pra ver se me olhavam
mas já haviam me esquecido
até quando vai ser assim?
quanto tempo mais vai ser assim?

PARA SEMPRE - ninguém respondeu
PARA SEMPRE - a rua vazia me acompanhava
PARA SEMPRE - a casa estava fria
PARA SEMPRE - fui sozinho até o dia em que para sempre parti

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