quinta-feira, 12 de junho de 2014

Sobre o que importa

Você descobre a intensidade do seu amor no momento que ele chega ao fim. Não existe um tempo certo, o relógio não te espera, o mundo não chora junto com você. Suas lágrimas são suas e apenas suas. No desespero de cada segundo vivido você sente todo esse sentimento se desapegando, descolando da sua pele, escorrendo até chegar ao chão. Uma massa fria, suja e repulsiva. Quase impossível de acreditar que era parte de você, que se apegou aquilo como se fosse o mundo.
E foi.
O seu mundo por todo o tempo que houve carinho, respeito e compreensão. Por todos esses minutos/horas seu coração bombeia de teimoso esse sangue gélido e quase que como um anuncio de óbito de alguém próximo, você se da conta da própria mortalidade.
Tudo parece tão vivo... e tão frágil.
Cruelmente o mundo gira, nenhum buraco se abre sob seus pés e te engole aos gritos. Você vê o sol nascendo no horizonte do céu, as luzes vizinhas, os carros, todo mundo seguindo em frente e esnobando você e sua dor. Você não é tão especial como foi forçado a acreditar. Você é só mais um. Oco, se dando conta do quanto abriu mão.
Tempo x Dignidade x Empenho.

Você segue em frente também.
Um dia, por misericórdia divina ou um gesto evolutivo, o sol te aquece numa dessas manhãs de noites mal dormidas. Você consegue olhar pra todos aqueles dias com carinho e sorrir, desejando apenas o melhor. O quase injusto melhor pra aquela outra pessoa que já foi sua.
Você não sabe mais o que sentir.
Amor?
Não pode ser amor, não mais.
A vida te ensina de novo que como as imperfeições do seu corpo te fazem lindo e único, assim são as cicatrizes e remendos em tudo que você representa. Descobre que quer o melhor e que as vezes lembra com carinho de tudo, não porque sente falta da outra pessoal ou ainda a ama, mas por respeito as experiências e escolhas da sua vida. Que por bem ou mal, marcam no canto dos seus olhos as batalhas perdidas.
Você lembra e sorri, porque é o que te resta.
Respeitar todas as escolhas que tomou, que te fizeram ser o que você é. É direito seu como humano, forçar a felicidade na sua vida quando ninguém parece se importar. Quando finalmente seguir em frente, sim você pode e vai, seu coração batera tão forte quanto aquela primeira batida quando ainda não tinha nome, dentro da barriga da sua mãe.
Não nos resta muito como seres humanos, seja la o que signifique isso hoje, se abrirmos mão de ser alguém bom, se abrirmos mão do amor, esse sera o nosso verdadeiro fim.
Amor é, apesar de tudo, a única solução pro caos da nossa existência.

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